Dias urgentes

Esta seleção de 40 crônicas do escritor, jornalista e militante Pedro Carrano, produzidas nas trincheiras das lutas populares, trazem a triste memória da articulação do golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff, e as surpreendentes reações populares ao “governo” Temer, como as ocupações de mais de 900 escolas pela juventude do Paraná, em 2016, e a greve geral de 2017.

Carrano escreve sobre a realidade cotidiana sob o avanço do fascismo, com a prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a organização dos movimentos populares, como na Vigília Lula.

Como jornalista e militante de grande experiência nas causas populares, Carrano nos oferece suas crônicas para “retratar os rostos dos sem rosto”, ou como ele mesmo explica: “Meu exercício de escrita é a busca pela empatia, voltada para a compreensão sobre a outra pessoa”. Com isso, o/a leitor/a se envolve em sua narrativa direta, simples e verdadeira, e se reconhece nos “tempos amargos”, nas histórias das demissões em massa de operários, nas tentativas de suicídio nas linhas de trens, no desespero imigrantes presos nas burocracias excludentes, na frustrada visita ao irmão encarcerado, e também nas narrativas leves, cheias de vida, nas alegrias da vida recriada por camaradas, nos jardins das casas populares transformados em hortas comunitárias, na memória feliz do único gol da infância, na felicidade de um sem teto dormir em uma cama macia, na generosidade de pessoas como João Baruinho que soldava carrinhos para catadores, e da piazada valente que inaugurou a primavera curitibana com as ocupações de escolas públicas.

Uma leitura necessária para ressignificar esses “dias que seguem urgentes e gritam”, como define Carrano: “Ofício de ave: reforçar seu canto antes da tempestade”.

Pedro Carrano