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Os acontecimentos narrados neste livro – as insurreições de novembro de 1935 – são parte importante de minha vida de militante comunista, não importa que tenha nascido depois deles.
Entrei para o Partido Comunista do Brasil, o PCB, em abril de 1961 e foram 18 anos de militância dedicada, da organização de base da antiga Faculdade Nacional de Filosofia ao secretariado nacional do partido. Foram anos fundamentais na vida de todos os que militamos no período. Acreditando firmemente na correção da política que desenvolvíamos, estávamos dispostos a dar a vida pelo ideal por que lutávamos.
No início dos anos de 1960, o marxismo estava na moda entre os estudantes universitários. O PCB, depois do seu V Congresso, saía das catacumbas e a denúncia ao culto à personalidade soprou ventos de democracia na vida partidária. Politicamente, acreditávamos na derrota do imperialismo em curto prazo e no esquema militar de Jango. Veio o golpe, a clandestinidade, perseguições, prisões, torturas, mortes, desaparecimentos. Depois do golpe militar de 1964, os erros do partido começaram a ficar mais evidentes: erros na análise da sociedade, na avaliação do caráter da revolução e conseqüentemente na composição dos aliados para a luta. Acreditávamos ser possível derrotar o imperialismo e manter o capitalismo, considerando por isso mesmo que tínhamos uma parte da burguesia (falsamente considerada nacional) como aliada numa primeira etapa revolucionária.
Os debates sobre o caráter da revolução brasileira tornaram-se mais acirrados na preparação do VI Congresso do partido (realizado em dezembro de 1967) e acabaram por deixar o campo do debate de idéias, descambando para a retaliação pessoal.
Em meados dos anos de 1970, boa parte do Comitê Central do partido exilou-se – foi a primeira vez que isso ocorreu, na história do PCB. No exterior, a brutal repressão que aqui se desenvolvia, a dificuldade de ligação com o país e, principalmente, a incapacidade para entender a situação política e propor soluções isolou a direção, que passou a viver bastante em torno de velhos problemas pessoais mal resolvidos – claramente de parte da direção com o secretário-geral. A partir da reunião de janeiro de 1979, em Praga, o PCB foi perdendo suas características de partido comunista e acabou por dissolver-se.
Tornou-se importante, para mim, entender o que ocorrera. Se as pessoas não agiam de má-fé, se na sua maioria os militantes eram dedicados e lutavam por um ideal nobre, por que a derrocada? Por que, por um lado, a total negação dos antigos ideais e, por outro, a insistência em antigos erros? Por que a total incapacidade para tentar, em conjunto, encontrar uma resposta aos problemas políticos e de organização que se enfrentavam?
Tentei, com o estudo dos episódios de novembro de 1935, levantar algumas pistas. Foram acontecimentos exemplares para o estudo de uma situação em que a dedicação e o espírito de luta conviveram com a incapacidade política. Ao mesmo tempo que as diretivas políticas continham erros crassos, foram momentos de luta generosa, de dedicação a um ideal. Uma capacidade de lutar por aquilo em que acreditamos muito tênue hoje em dia, que a militância social, principalmente a militância do MST, busca heróica e tenazmente manter e desenvolver, sem os erros cometidos no passado – embora submetida à mesma violência de que os revolucionários sempre foram vítimas.
Espero que o livro contribua, por pouco que seja, para nossa luta por uma sociedade em que o homem seja um irmão para seus semelhantes.
Marly Vianna
Peso | 539 g |
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Dimensões | 21 × 14 × 2,4 cm |
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ISBN |
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