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Quem tem este livro em mãos está autorizado a expressar seu estranhamento: o autor não é contista, como a capa sugere, e sim um dos mais importantes jornalistas brasileiros, arauto de tantas causas certas, defensor incansável dos seres humanos em suas liberdades e seus direitos. Seu campo não é a ficção e sim a política, alguém poderá dizer com razão e mesquinhez, e antes mesmo de passar aos contos esse alguém receberá do autor sua modesta anuência.
Permito-me, no entanto, a temeridade de contradizê-los. Há tempos literatura e poder vêm se mostrando indiscerníveis – sabe-se há tempos que não existe estética sem política, que não existe política sem estética. E não preciso eu vir a afirmar que tanto a política quanto a estética podem tomar as formas mais diversas, podem por vezes se camuflar em prosas breves, alegres, comoventes, dotadas apenas de poesia e leveza.
Pois quanta política não há no sertanejo que chora ao ver o mar pela primeira vez, ou nos casais que se rompem com sabedoria e paciência, ou na mulher que revolve seu caldeirão não para cozinhar, mas para dar ordem às coisas que a cercam? E quanta literatura não há no mendigo cujo mundo cabe em um módico carrinho de feira, no engenheiro que projeta a barragem que vem a destruir a cidade de sua infância, na menina que cala com sua caixinha de música a violência do quarto ao lado, ou por fim, para ser óbvio, no velho índio do Xingu assombrado por Belo Monte?
Leonardo Sakamoto é contista porque a vida o fez assim, porque o mundo assim o quis, porque em sua larga trajetória de jornalista foi recolhendo umas quantas histórias bonitas que veio carregando consigo, histórias que ele não pôde deixar de reinventar para si mesmo e despejar sobre o papel. Eis aí a pertinência deste livro, sua profunda coerência: ele é a consequência imprevista de um nobre ofício, o fruto temporão de uma grande entrega.
Peso | 125 g |
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Dimensões | 12 × 18 cm |
Autor | |
Páginas | |
Ano Publicação | 2012 |
Coleção | |
ISBN |
Leonardo Sakamoto é contista porque a vida o fez assim, porque o mundo assim o quis, porque em sua larga trajetória de jornalista foi recolhendo umas quantas histórias bonitas que veio carregando consigo, histórias que ele não pôde deixar de reinventar para si mesmo e despejar sobre o papel. Eis aí a pertinência deste livro, sua profunda coerência: ele é a consequência imprevista de um nobre ofício, o fruto temporão de uma grande entrega.
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