A primeira edição de O Partido com paredes de vidro foi publicada em 1985. Era inimaginável, então, a tragédia que destruiu a URSS e transformou a Rússia num país capitalista. No horizonte próximo o que se esboçava era a vitória do socialismo sobre o capitalismo. Mas a História tomou outro rumo.
Este livro traz respostas a questões relativas aos comunistas. Ajuda a compreender porque resistiu o PCP ao desaparecimento da União Soviética e é um dos poucos partidos comunistas que na Europa sobreviveu intacto ao vendaval que desnaturou ou destruiu a maioria deles. Enquanto outros, como o italiano, o francês e o espanhol, aderiram ao antisovietismo, e adotaram linhas reformistas que os tornaram cúmplices do neoliberalismo, o PCP manteve-se fiel aos princípios e valores do marxismo-leninismo
O livro não é apenas como ensaio uma demonstração brilhante do domínio pelo autor do materialismo dialético. Álvaro Cunhal procura e consegue com frequência imprimir força de revelação à própria evidência. A personagem central é sempre o Partido. É nele que se inserem o abstrato – as ideias, a conceção do mundo – e o concreto – os homens que fazem do Partido um grande coletivo revolucionário.
O tratamento de questões teóricas surge entrosado em exemplos de uma práxis viva. Está ali praticamente tudo, exposto, comentado e explicado sem véus, nem omissões: a organização, o trabalho coletivo, o estilo e o tipo de direção, o centralismo democrático, as eleições internas, o voto secreto, a prestação de contas, a experiência, a renovação permanente, o consenso, a unanimidade, os quadros, a democracia, os deveres e direitos, a crítica e a autocrítica, a moral comunista. Com transparência cristalina.