As ciências da linguagem tendem a apresentar as línguas como neutras, eternas, acima das classes sociais. Essas concepções baseiam-se em visão sociológica que concebe o ser humano como um ente independente das relações sociais nas quais se insere, centro de referência de seu dizer, com o qual tem relação simples e espontânea.
Essas elaborações sobre a linguagem verbal dão sustentação ao constante esforço das classes dominantes de legitimar e universalizar seus valores e visões de mundo, através de sistemas ideológicos formalizados – arte, literatura, teorias políticas, educação, mídia etc. A construção de um ser humano mais consciente passa pela compreensão de que a língua nunca é neutra, mas sempre forjada no contexto do mundo social, embalada por relações de poder, das quais constitui representação e simbolização, ainda que o falante só possua frágil consciência da origem social e ideológica das palavras que utiliza.
A linguagem escravizada apresenta artigos escritos, nos últimos cinco anos, a partir da conjunção das pesquisas linguísticas e históricas dos autores, na perspectiva de contribuir para a construção de uma visão da linguagem a serviço da emancipação social.