Esta obra reúne 61 verbetes sobre economia política marxista, organizada por Alfredo Saad Filho e Ben Fine, com a colaboração de 57 destacados marxistas, como Al Campbell, Bob Jessop, Dominique Lévy, Ellen Meiksins Wood, Gérard Duménil, John Weeks, Makoto Itoh, Tony Smith, Prabhat Patnaik, entre outros. São pesquisadores de diferentes gerações e países, como Brasil, África do Sul, Índia, China, Japão, Coreia do Sul, Turquia, Itália, Suécia, Grécia, França, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, que atualizaram a análise marxista sobre o capitalismo contemporâneo.
Os colaboradores trabalharam em três tipos de verbetes: 1) conceitos básicos e questões de método de Marx; 2) temas e problemas contemporâneos analisados à luz de novas formulações marxistas; 3) desenvolvimento de pressupostos de Marx para a compreensão de temas atuais. Desse modo, a obra aborda tanto temas básicos do marxismo quanto questões atuais, como: teoria do valor-trabalho, exploração e mais valia, capital, modo de produção, renda e propriedade da terra, questão agrária e campesinato, capitalismo, globalização e imperialismo, marxismo e subdesenvolvimento, economia feminista, capital financeiro e financeirização, estruturas sociais de acumulação, teoria da dependência, socialismo, comunismo e revolução, etc.
Com o objetivo de facilitar a compreensão do marxismo para a crítica da economia política vulgar e compreender o atual processo de financeirização do capitalismo contemporâneo e a economia política neoliberal, esta obra está voltada para estudiosos, estudantes, militantes sociais e interessados nos avanços recentes desse campo do conhecimento.
Trechos do texto
“Melhor hora não poderia haver, portanto, para a edição, em nosso país, de um
Dicionário de Economia Política Marxista da melhor qualidade. Publicado originalmente pela tradicional editora Edward Elgar Publishing e organizado por ninguém menos do que dois dos mais importantes marxistas contemporâneos, Alfredo Saad Filho e Ben Fine, o primeiro deles brasileiro, esta edição em português que a Editora Expressão Popular traz ao público numa parceria com a Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes-SN) foi traduzida por um time de especialistas, o que é uma credencial imprescindível em se tratando de Marx. Os organizadores do dicionário também assinam alguns dos textos. Em poucas palavras, trata-se de obra de referência indispensável para quem quer entender os funestos dias que correm”.(Leda Maria Paulani – Professora Titular do Departamento de Economia da FEA-USP)
“Como uma economia dependente, o Brasil sempre foi muito suscetível ao impacto das flutuações econômicas originadas no exterior. Os choques e adversidades impostos durante a geração passada aos países em desenvolvimento em geral, e ao Brasil em particular, condenaram dezenas de milhões de pessoas a vidas disformes e atrofiadas pela pobreza, pelo desemprego e pela humilhação. O marxismo não pretende ser a única teoria com capacidade de explicar o mundo, e muito menos os desenvolvimentos econômicos e políticos, entre outros, ocorridos no Brasil. Ele pretende, porém, oferecer a crítica mais consistente, abrangente, historicamente específica, radical e ciente de si do capitalismo, tanto em termos gerais quanto, especificamente, em sua atual fase ou configuração: o neoliberalismo (financeirizado)”. (Alfredo Saad Filho e Ben Fine. Apresentação à edição brasileira)
“O marxismo também procura dar suporte à atividade política com o objetivo de derrubar o capitalismo e construir uma sociedade radicalmente democrática, que Marx chamou de comunista. No momento, estamos muito longe disso. Mas uma grande crise sistêmica já está se fazendo sentir através do aquecimento global. A mudança climática será abrangente, terá enormes impactos e será inevitavelmente transformadora, para o bem ou para o mal. A crise desencadeada pelo coronavírus é a mais profunda que o capitalismo já enfrentou. As relações capitalistas normais foram, até certo ponto, suspensas (mas não descartadas), ao passo que a resposta, especialmente na forma de extensa intervenção estatal, demonstrou, em certa medida, o que pode ser alcançado positivamente como resposta a imperativos que colocam a vida humana em risco”.
“Por outro lado, a humanidade nunca enfrentou um desafio maior do que as calamidades associadas às mudanças climáticas – um subproduto da acumulação capitalista. Em contraste com a urgência gerada pelo coronavírus, porém, a tragédia do aquecimento global se desenrola lentamente, como que cozinhando em fogo baixo, e as respostas oferecidas pela humanidade até aqui têm se revelado insuficientes e tardias. Lançando luz sobre suas causas e implicações, o marxismo nos ajuda a compreender melhor esses desafios. Mais do que isso, ele pode nos ajudar a vislumbrar possíveis soluções para tais problemas e a delinear modos de alcançá-las. Este livro terá cumprido seu papel se puder contribuir para os debates tão necessários sobre essas e outras questões”. (Alfredo Saad Filho e Ben Fine. Apresentação à edição brasileira)