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Nem uma lágrima: teatro épico em perspectiva dialética reúne textos produzidos para intervenções em debates com coletivos teatrais de São Paulo e um roteiro em prosa de disciplina acadêmica, escritos na primeira década do século XXI.
Empenhada como militante, pesquisadora e integrante do movimento paulista de teatro de grupo, a autora contempla um amplo leque de questões, em diálogo crítico com seus interlocutores:
Em “Teatro na luta de classes”, aborda o confronto com a “persistência do pensamento metafísico na contemporaneidade” e desconstrói minuciosamente os pressupostos de autores que costumam fazer sucesso em nossas universidades; expõe, em “Transições”, seu roteiro de curso sobre dramaturgia moderna, o confronto nas trincheiras da cena e da crítica desde o momento em que a dramaturgia começa a narrar – período que vai da crise do drama moderno ao teatro épico; demarca, em “O trabalho da direção”, a relação entre os métodos de direção de Stanislavski e Brecht como sistemas complementares, em que o distanciamento supera dialeticamente a identificação; em “Brecht e o teatro épico no Brasil”, interpreta o movimento de assimilação da influência brechtiana, pelo teatro brasileiro, como dinâmica exemplar das ideias fora do lugar, em que a chegada da dramaturgia brechtiana, já como espetáculo do universo mercantil (1958), adquire força produtiva ao ser assimilada pelo Arena e pelo CPC, e funda a principal experiência do teatro de agitprop, estética que fora criticada dialeticamente por Brecht com a proposta das peças didáticas; por fim, em “Brecht no cativeiro das forças produtivas”, analisa o enfrentamento do autor com o aparato econômico, jurídico, ideológico e estético da Indústria Cultural pela perspectiva do cinema.
O resultado do conjunto é a explicitação da eficácia do labor da crítica como práxis, pautado pelas providências necessárias para a continuidade do trabalho teatral na luta pela libertação das forças produtivas. Daí o rigor acadêmico, o fôlego para reorganizar a historiografia do teatro político e, sobretudo, a coesão do argumento em torno da articulação entre arte e sociedade.
Trata-se, portanto, de vigoroso conjunto de sistematizações, norteado pela concepção de dialética como espírito de contradições organizado, escrito por uma intelectual orgânica da classe trabalhadora, que anuncia como matéria central de seus estudos o Brasil, “com particular interesse em teatro”. A esfera da cultura não está sobreposta à da política e da economia, por isso o argumento se faz forte, seja ao analisar a estrutura interna de uma obra, seja ao expor ao leitor brasileiro as circunstâncias da produção do teatro político na Europa e no Brasil.
Para além do movimento do teatro de grupo de São Paulo, a obra certamente terá repercussão sobre outras trincheiras, espaços em que a autora é igualmente interlocutora, a saber: o ensino de teatro nas universidades e escolas brasileiras e a militância que atua nos coletivos de cultura dos movimentos sociais de massa do Brasil e demais países da América Latina.
Iná Camargo Costa, professora aposentada da FFLCH da USP, é autora de vários ensaios e livros sobre o teatro brasileiro e reconhecida pesquisadora sobre a obra de Bertolt Brecht. De forma intensa e criativa, militou em vários grupos de teatro de São Paulo; e é assessora da Coordenação de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Peso | 240 g |
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Dimensões | 23 × 16 × 0,78 cm |
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Iná Camargo Costa, professora aposentada da FFLCH da USP, é autora de vários ensaios e livros sobre o teatro brasileiro e reconhecida pesquisadora sobre a obra de Bertolt Brecht. De forma intensa e criativa, militou em vários grupos de teatro de São Paulo; e é assessora da Coordenação de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
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