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“Santo, a luta vai continuar. Os teus sonhos vão ressuscitar. Operários se unem pra lutar. Por teus filhos, vai continuar”.
Os versos do gaúcho Luís Augusto Passos não poderiam cair fora da reedição deste livro. Já se passaram 40 anos do martírio do líder operário colhido por uma bala assassina disparada de altos escalões do regime ditatorial que se enfraquecia em 1979. Dois meses antes entrava em vigor a lei de Anistia que os ditadores forjaram para absolver seus próprios crimes. Greves se espraiavam por todo o Brasil. Novos partidos nasciam e a liberdade sindical se impunha de baixo para cima. O povo exigia o pleno exercício do voto, consumado apenas em 1989, no alvorecer da Constituição que Ulysses Guimarães [1916-1992] batizou cidadã.
Outros líderes populares foram assassinados no mesmo período em condições semelhantes. Por que, então, Santo Dias se tornou um símbolo tão poderoso? Este livro, arrancado do luto e da dor de sua filha Luciana, braços dados com a jornalista Jô Azevedo e a grande fotógrafa Nair Benedicto, ambas militantes, responde à pergunta. Trata-se da densidade humana de Santo Dias, sua história de camponês e metalúrgico, pai e marido, organizador e negociador, fervoroso militante católico desde muito cedo, engajado nas Comunidades de Base que tiveram em Dom Paulo Evaristo Arns o grande inspirador. A força convocatória que envolve hoje o nome Santo Dias teve início nas primeiras horas da tragédia. Ana Maria se agarra ao corpo do marido e enfrenta sozinha a estupidez de delegados e policiais até o momento em que Dom Paulo invade o IML chocando a todos com o gesto apostólico de colocar o dedo na perfuração da bala e acusar: olha o que vocês fizeram.
Merecem registro também nessa resistência o padre Luís Giuliani, sacerdote da Vila Remo onde Santo atuava, e o advogado dos Direitos Humanos Luiz Eduardo Greenhalgh. Horas depois, a multidão bradava sem medo “Abaixo a Ditadura!”, entre a Consolação e a Sé. O corpo do operário morto foi a bandeira empunhada na manifestação gigante. Fotos registram o metalúrgico Lula, perto do padre Luís, numa corrente em que ninguém soltava a mão de ninguém. Figuras como Santo Dias e Dom Paulo fazem falta nos dias de hoje. Mas seguem muito vivos. Acaba de ser construída uma nova Comissão Arns de Direitos Humanos, tecida com pluralismo para fazer frente à revogação das conquistas civilizatórias somadas desde 1988. A Comissão Arns nasce para reagir ao clima de ódio que levou ao poder um presidente e vários governadores que fazem da intolerância seu lema, propondo insana distribuição de armas, que só fará crescer o extermínio da juventude negra e o assassinato de mulheres já em patamares absurdos.
Santo Dias é nome de escolas, ruas, praças, parques, plenárias sindicais, festivais e centros de defesa dos Direitos Humanos. Mais forte ainda: nome oficial da ponte do Socorro, por onde passam diariamente milhares e milhares de pessoas irmanadas, sem saber, no mesmo clima de injustiças e no mesmo sonho de igualdade. Santo Dias é, sim, uma ponte. Unindo com o mesmo sangue africano, não se deve esquecer, mártires que vieram antes dele – como Zumbi e Marighella – e Marielle Franco, que no seu heroísmo recente inspira a juventude de hoje como Santo inspira há 40 anos a minha geração. (Paulo Vannuchi – Comissão Arns de Defesa dos Direitos Humanos)
Peso | 608 g |
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Dimensões | 23 × 26 cm |
Autor | |
Páginas | |
Ano Publicação | 2019 |
Coleção | |
ISBN |
Editora Expressão Popular LTDA Alameda Nothmann, 806 – São Paulo
CNPJ: 03.048.166.0001-76
I.E.: 115.264.278.112
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