A primeira reestruturação substancial do ensino superior brasileiro foi inicialmente pautada por diversos setores populares entre os anos 1950 e 1960, sendo tema de uma série de encontros de organizações estudantis, como os da UNE entre 1961 e 1963. As reivindicações à época incluíam
o combate à estrutura arcaica do ensino superior, à sua privatização e ao elitismo dos exames vestibulares, e defendiam o aumento da participação dos estudantes no processo decisório das instituições de ensino e a refuncionalização destas para que se tornassem subordinadas aos interesses do povo brasileiro. A instauração e aprofundamento da ditadura civil-militar atropelou esse processo, e assumiu a bandeira da Reforma Universitária, distorcendo-a completamente, concebendo-a dentro do acordo MEC-USAID e restringindo seu campo à modernização administrativa e pedagógica, de acordo com o modelo estadunidense. Florestan Fernandes tornou-se professor de sociologia da Universidade de São Paulo em 1945, nos anos 1950 se envolveu na Campanha de Defesa da Escola Pública e seguiu nessa defesa não só participando de debates junto com os estudantes, mas também formulando teoricamente sobre o tema.
Universidade brasileira: reforma ou revolução? surge portanto neste contexto. Reúne nove primorosos ensaios de Florestan, muitos deles estruturados a partir das conferências realizadas no contexto mais amplo do que se convencionou chamar “reformas de base”, entre os anos de 1967 e 1968. Inicialmente organizado para ser lançado em 1969, ano da aposentadoria compulsória do autor imposta pela ditadura civil-militar, teve sua primeira edição somente em 1975.
Os escritos registram a memória de intervenções públicas realizadas, de acordo com o autor, com o intuito de colaborar com estudantes, intelectuais, políticos e os colegas da resistência no processo de reflexão sobre a cooptação da bandeira da Reforma Universitária operada pelos militares. Este livro traz uma luminosa contribuição para o estudo da escola superior tradicional, desse processo tortuoso de Reforma Universitária e da passagem para o que Florestan chamava de universidade “multifuncional e integrada”. Além de contar com uma cuidadosa apresentação de Roberto Leher que demonstra a atualidade da obra e a necessidade de se lutar por uma Universidade em favor dos interesses do povo brasileiro.
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