Lugon demonstra, nesta obra, não só ter acontecido entre os guarani uma sociedade com características políticas de república – muito antes que qualquer república moderna estivesse instalada no mundo – mas também que a relação entre jesuítas e guarani produziu uma relação mais próxima de uma síntese cultural nova do que a dominação de um sobre o outro, típica do projeto colonial europeu em voga no continente americano à época. Enquanto a escravidão e a miséria grassavam em toda a América de então, entre os guarani não havia escravos nem miseráveis.
A primeira versão da obra, publicada no Brasil nos anos de 1970, apresentava o sugestivo título de República Comunista Cristã dos Guarani. A primeira edição, em francês, é de 1949. A versão atual passou por uma revisão do próprio autor. O próprio título, para distingui-la da primeira, é simplesmente A República Guarani, embora o autor não recue em nada na tese de que se tratou de uma sociedade com características típicas de uma sociedade comunista.
Uma obra profunda, instigante, polêmica e questionadora. Indispensável para se conhecer e interpretar a história latino-americana e projetar a construção de uma sociedade de iguais entre nós. Necessária para alimentar o sonho e implantar as bases de um projeto popular do povo latino-americano.